Meu grau hoje é considerado levíssimo pois graças a Deus fiz cirurgias, fisioterapia e outros procedimentos para melhorar as sequelas que praticamente só ficaram nos membros inferiores. Mas ainda sim, mesmo com todos esses tratamentos, ainda restou uma limitaçãozinha no meu andar que é digno de umas olhadas quando alguém me ver andando pela primeira vez rs.
"E como eu me sinto sobre isso?", "Isso afeta algo no meu dia a dia?" são perguntas que ouço com frequência, então vou responder aqui: não mais! Já teve tempos em que eu chorava por causa disso, que meus pais me priorizavam por causa disso e que eu achava que tudo na minha vida se resumia a minha paralisia cerebral. Sim, minha! E vocês conseguem acreditar que hoje em dia eu chamo ela de minha porque eu a amo? Depois de tantas lágrimas derramadas, dores, tratamentos, olhares tortos, esperança.. Eu acabei criando um laço de amor com a minha paralisia, sabe porque? Porque se hoje eu sou forte e guerreira, eu devo isso a ela. Talvez se eu tivesse nascido "normal" e tivesse tido uma infância "normal" sem botinhas ou órteses horrorosas, sem fisioterapia 3x por semana ou entrar tão jovem em centros cirúrgicos e não entender porque meus pais me enchiam de beijos antes de entrar na sala de cirurgia.. hoje eu não seria tão forte como sou hoje.
E hoje eu sou perfeita! Eu amo minhas perninhas e minhas minusculas cicatrizes, porque eu venci todo trauma que ela poderia me deixar e transformei isso em superação! A paralisia que era a minha pior inimiga hoje é a minha melhor amiga! Ás vezes eu ainda preciso fazer algumas sessões de fisioterapia (e sério, eu não suporto fazer fisioterapia, é muito chato!) para poder acordar meus músculos, e ás vezes eu sinto dores terríveis na coluna, mas really? Isso não é nada comparado as sequelas dos meus colegas-de-paralisia-cerebral que até mesmo nem andam, sabe? E eu ando! E corro! E pulo! E sou muito feliz! O que é um andarzinho torto no meio de tanta gente ruim por aí? Não é nada. Sinceramente, acho que é ate um charme, cês não acham? hihi
Além de toda essa força, a paralisia me presentou com a minha profissão: fisioterapeuta! Quem diria, ein? (minha vó diria.. ela vivia falando isso quando eu era pequena e eu falava "cruzes") então porque vou reclamar dessa queridona que nasceu junto comigo? Que me tornou forte, corajosa, guerreira e ano que vem, fisioterapeuta?
Ah paralisia cerebral, que bom que nos entendemos e hoje somos amigas!
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